Protagonismo feminino no setor de seguros
Institucional • 01/11/2022A presença das mulheres no mercado de trabalho é um tema que, embora amplamente discutido há décadas, permanece atual e abre um leque de discussões, abordando aspectos que envolvem desde a importância das mulheres na macroeconomia até a representatividade feminina em segmentos específicos de mercado.
No setor de seguros, especificamente, o 4º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, lançado em 2022 pela Escola de Negócios e Seguros (ENS), aponta que, entre outros fatores, a presença de mulheres em cargos de liderança ainda é uma dificuldade crônica, embora 54% dos profissionais do setor de seguros sejam mulheres.
Convidamos a VP de Riscos Aeronáuticos do ASAS Group para compartilhar sua percepção sobre o protagonismo feminino no setor de seguros. Com 15 anos de atuação no mercado de seguro e resseguro, Carolina Varaldo tem conhecimento empírico dos desafios da carreira securitária, considerando as questões estruturais que acompanham as mulheres no decorrer da vida profissional. Acompanhe a entrevista com a executiva.
Como você observa o protagonismo feminino no setor de seguros?
C. V. O mercado vem reconhecendo as mulheres em cargos de gestão, no entanto ainda temos um longo caminho a percorrer. Precisamos que a gestão das empresas dê as mesmas oportunidades a todas, somente para que assim, de forma igualitária, alcançaremos maior protagonismo no mercado.
O Estudo da ENS indica que a participação das mulheres, embora em maior número, não é uniforme nas companhias, com uma disparidade significativa nas posições e cargos ocupados. Você acredita que há alguma característica profissional ligada ao gênero que justifique essa diferença?
C.V. Um profissional, independentemente do gênero, tem que se diferenciar pelas qualidades que possui, a fim de que as empresas possam verificar suas competências e os resultados de seu trabalho. O importante é que as oportunidades sejam sempre iguais, sem diferenciação por gênero ou pressupostos ligados ao simples fato de ser mulher.
Tratando-se de cargos executivos, a presença feminina é menor. Em sua própria trajetória, como você vê a ascensão de mulheres no mercado?
C.V. Temos muito trabalho a fazer ainda como sociedade e como mercado, para aumentar a presença feminina em cargos executivos. Em minha trajetória encontrei diversos obstáculos, dos quais o mais recorrente estava ligado à descrença nas minhas competências profissionais. Nós mulheres precisamos estar constantemente provando nossas capacidades e apoiando umas as outras.
Conforme demonstrado pela pesquisa Women in the boardroom realizada pela Deloitte com mais de 10 mil empresas de 51 países incluindo o Brasil, as mulheres ocupam apenas 5% das posições de CEO globalmente, enquanto no Brasil o índice é de apenas 1,2%. Já com relação a respeito das posições de liderança em geral e segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton, as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no Brasil no começo de 2022.
Embora a tendência seja positiva nos últimos anos, visto que em 2019 a presença feminina em posições de liderança era de 25%, precisamos continuar com a mudança dos aspectos estruturais e culturais não só das organizações, mas da sociedade como um todo para seguirmos melhorando em termos de igualdade de oportunidades e ascensão aos cargos de liderança.
De modo geral, quais ações devem ser implementadas para que as mulheres alcancem reconhecimento no mercado de seguros?
C.V. Nos últimos anos, a conscientização em torno da equidade de gênero tem sido um assunto amplamente disseminado. Isso está levando a ações mais concretas das empresas para aumentar a participação feminina, especialmente nos cargos de liderança.
Diversas pesquisas revelam que empresas com CEOs mulheres têm, em média, conselhos e posições de lideranças significativamente mais equilibradas em termos de gênero. Esse equilíbrio é importante e reflete em inúmeros aspectos, desde maior abertura para que outras mulheres possam crescer em suas carreiras até a própria credibilidade da companhia no mercado nacional e internacional.